Sei da mudez dos olhos dela. Olhos tão cheios de tantas noites, tão encharcados
de alma. Como amo esses olhos! Sempre assim: ecoando, cândidos, o silêncio.
Nada sei de seus segredos, mas os compreendo. Vejo-a sempre no pensamento. Conhecíamo-nos,
talvez, antes de nos sabermos. Daí a
vontade de tocar sua existência, de beijar suas tardes, de me sentar silente ao
seu lado.
É difícil descrever a textura que
o algodão-doce tem na boca. Como ele se desmancha em açúcar na língua. Alguém
um dia teve a ousadia de colocar uma nuvem no palito. Falo coisas sem contexto,
pois sei que ela vai entender. Ela, com seus olhos cheios de noite, entende a
noite em mim. E eu entendo os segredos que ela não diz.
Deve ser açúcar.
Um comentário:
Muito bom!
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