sexta-feira, outubro 28, 2011

Miragem


Ele cerra um pouco os olhos para focar melhor a menina-mulher vestida de paisagem que surgira ali no longe. Sem saber se ela existe mesmo ou se é uma invenção do calor do sol; se é invenção da sede, invenção da ausência, da solidão presente. Ele nem sabe se a inventou porque coisa inventada é que se encaixa como luva nos dedos da necessidade. O cabelo longo e nu cedia ao capricho do vento, o corpo desenhava curvas para o toque do vestido e dos olhos. Ela acabara de nascer, ali, na sua frente, e o fitava com um silêncio que dizia muito, com a mesma graça que fitava os pássaros e as nuvens. Ela e seu sorriso de destrancar primaveras, de acalentar invernos. Ela e seu olhar.

“Só pode ser miragem!” Ele pensa. 

Um comentário:

Unknown disse...

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