quarta-feira, novembro 02, 2011

Para que não se cale.

Sei da mudez dos olhos dela.  Olhos tão cheios de tantas noites, tão encharcados de alma. Como amo esses olhos! Sempre assim: ecoando, cândidos, o silêncio. Nada sei de seus segredos, mas os compreendo. Vejo-a sempre no pensamento. Conhecíamo-nos, talvez, antes de nos sabermos.  Daí a vontade de tocar sua existência, de beijar suas tardes, de me sentar silente ao seu lado.

É difícil descrever a textura que o algodão-doce tem na boca. Como ele se desmancha em açúcar na língua. Alguém um dia teve a ousadia de colocar uma nuvem no palito. Falo coisas sem contexto, pois sei que ela vai entender. Ela, com seus olhos cheios de noite, entende a noite em mim. E eu entendo os segredos que ela não diz.

Deve ser açúcar. 

Um comentário:

Carlos disse...

Muito bom!