domingo, agosto 07, 2011

Do respiro das coisas


No papel a palavra é dita com silêncio.

Há essa coisa que sai de dentro na fala, vai aos ouvidos. No papel se canta para os olhos.

 A virtude do papel é estar sempre pronto para não se ser. Eis que vira rabisco, vira carta, vira avião, vira menina, vira cabimento pra ideia.

O bloco de notas só pode ter nascido de um acidente. O sujeito deve ter pensado em não esquecer e sem pretensão inventou um guardador de pensamentos.

As pautas nas folhas servem para que os pensamentos soltos ali não fiquem tortos. Escrevo fora da linha pra sentir um pouco de liberdade no dedo.

Papel novo tem cheiro de vazio.  

Nenhum comentário: