quarta-feira, março 09, 2011

Na chuva

Fito teus olhos fechados enquanto você dança. Eu, que fechei os meus para te ver aqui do longe. Antes do sorriso há algo na fisionomia que é leve. Te vejo branca e leve assim. É como quando se olha um pássaro que é livre: tão leve voa. Aqui dentro de mim há toda essa projeção da tua leveza que é pura e dança.  Aprendi a me render ao silêncio como quem se rende a música. Os fios finos de garoa me vestem.  Percebo que antes tua ausência era invisível, antes de te saber existir. Agora ela é sempre tão presente. É uma surpresa agradável essa do nascimento de sua ausência. O corpo à espera do abraço. Te vejo ensimesmada no rodopio da música. Pensa em mim? Não. Me sente, pois sei que nasci ausência. Eis que me vêm assim e assim te vou: já estamos um no outro antes da palavra saber que entramos. Te sinto.

Te sinto e na chuva lhe espero.  

2 comentários:

Anônimo disse...

Os(a) intocáveis são sempre os mais desejados. Pq será,neh?rs.
Fazia tempo que não vinha aqui.Feliz por saber que vc ainda habita este lugar.bJo,bye

Libânia disse...

Seu silêncio faz muito barulho. Gosto de sua espera. Do cheiro de ausência das tuas palavras. Ou, talvez, no cheiro de palavras da tua ausência...