tag:blogger.com,1999:blog-230352182024-03-06T04:35:42.322-03:00Ebbiosebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-8503223528242887592013-12-31T01:28:00.002-02:002013-12-31T01:50:58.067-02:00feliz ano novo <br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUYM0RppgO0k_wnGmsvUYjcuKhZKrEYzLBY52r-pD2JsoCCHXcR96Kbs0m2Al2VvtXFRf1bqUzFJif5RuG0G6V7XRcLHQGnizI5qoT4O2jesZI-w5Vg7ygJOFZp3Ay9fEsTetv2w/s1600/6048680208_9be93abe4f_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="636" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUYM0RppgO0k_wnGmsvUYjcuKhZKrEYzLBY52r-pD2JsoCCHXcR96Kbs0m2Al2VvtXFRf1bqUzFJif5RuG0G6V7XRcLHQGnizI5qoT4O2jesZI-w5Vg7ygJOFZp3Ay9fEsTetv2w/s640/6048680208_9be93abe4f_o.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;">Foto: </span><a href="http://www.flickr.com/photos/honeyuck/" rel="nofollow nofollow" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left; text-decoration: none;" target="_blank">http://www.flickr.com/photos/honeyuck/</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">— cortar a hermeticidade do ano com um abridor de datas — eu disse ano passado do ano que viria, que é o que agora dobro e ponho na gaveta. Aquela roupa que não serve mais, e que verei em fotos pensando “olha, como eu gostava dessa camisa!”. E os anos que se foram? Eles eu. Existo disso que passou e me torna o é de agora. O tempo a gente veste mas o que se é caminha em nudez escondida. Cubra essa tua nudez, esse teu tanto ontem — é o que dizem por aí. E tudo</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"> vai acontecendo, e o que não acontece também se acumula. É que escolhi me apaixonar sempre, e guardo sempre uma desilusão na geladeira, que abro na fome das madrugadas silenciosas. A existência não é uma Brasília de Niemeyer. E se me alegra essa coisa sem parede, me entristecem as paredes, e rostos que não se veem perto por olhos imados às telas de celulares. Tecnologia touch é a pele do outro que quando toca, toca. E que seja dita a mentira, porque as verdades estão falhando nisso, ou que não se diga nada, é mais profundo assim. E nesse rito de passagem, uma ode aos mortos, morreram de tão vivos que foram. Os bons e os maus. Não é fácil. Gente querendo molhar os pés, e nos querem vender o mar. E o amor, que palavra cafona, meu deus! Por que foram dar nome à esse cafuné na nuca? Por que não só dizer de abraço, e os amantes se olhando balbuciariam — eu te rio, eu te sinto, eu te eu. Na periferia cantam “não existe amor em SP” e a alta escuta com os brancos fones de ouvidos a estalar os dedos. E é branco que se veste em pés na areia, depois de se tanto buzinar no cinza das rodovias. O tempo vai passando e eu sonho com minha filha, se chamará Maria Luiza, ou Cecília, ou Clarice. Quando ela surgir, já lhe pedirei desculpa por ter que ser aqui, não teve outro jeito. Mas mostrarei o que é bonito. Bonito mesmo, sem maquiagem e sem brilho, e que antes de tê-la eu já a tinha nascida em mim. Sonhar é sentir cheiro de comida que nem está no forno ainda. E no céu tantos fogos anunciam: estamos juntos desunidos. Se desejo algo mesmo é que ano que vem soltem afagos de artifício — mentira salvadora, com cheirinho de comida da vovó. Falando em vós, sinto falta das minhas, que moram lá num outro Brasil. A primeira com seus gatos — são mais de trinta, e quando me sento num sofá acabo sentando num rabo se esqueço de olhar, e ela me pede desculpa por ter tantos, isso é bonito pra mim, me lembrarei sempre e contarei para Malu/Cecília/Clarice. A outra tem um quintal bonito que tinha um coqueiro que quando eu observo com olhos de lembrança, penso nele coçando os pés de Deus de tão alto que era; ela, sempre sabida, sentada na cadeira de balanço contando coisas de fazer riso. Ô palavra cafona: Amor. Gosto da definição que meu sobrinho de dois anos dá às coisas, de tentar falar ele pronúncia tudo numa língua que é só dele. Não aprendi direito a dobrar as roupas, e a gente pensa que vai aprendendo a viver, quando viver já acontece no é. Esse ano eu vi um filme em que desde o começo se sabia que a personagem morreria, quando ela morre no entanto, o choro é igual ao de não saber. Passei dias com aquela dorzinha na garganta da morte da personagem inventada, ainda me martela esse silêncio das coisas não durarem. A gente corta a vida com garfo e faca pra caber na boca. Escrevo num único paragrafo porque o ano passou assim, num paragrafo só, e todo assunto se mistura. Escovar os dentes não tira o amarelo de coca-cola (então eles vendem sorrisos brancos). Quero comigo um violão, que a música é a loucura do raciocínio. E desaprender, desaprender, desaprender (ensina os princípios, disse o poeta). Não tenho o rancor do abandono, mas sei que seria melhor aqui. É sempre melhor aqui. Me ser é pleno de outro. Aprendi com uma amiga que quando se abraça, tem que ser de verdade, em quem quer que seja, e ela tem uns cachos que me fazem falta. Com a dança aprendi que as curvas do corpo são possibilidades de encaixe. É o que se aprende também nos trens em hora de pico. Tem gente que diz coisa não porque pensa, mas porque já disseram tanto que ficou normal — não aceito. Não atirai palavras aos porcos. Minha relação se dá na linha dos olhos, aprende-se nas aulas de ponto de fuga em desenho. A arte salva — essa mentirosa. As vezes surge um clarão de entendimento, e se olha para todos como se víssemos de fora do mundo, que se é bicho — esse entendimento é o que a gente tem de mais calado. Ano que vem terei vivo em mim o ano que morre agora, e por aí vai. Quero sentir, e quero panos de prato no fogão escolhidos por ela. Ela quem? Ela. Cortar a hermeticidade do ano com um abridor de datas.</span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<span style="font-size: 13px; line-height: 18px;"><div style="text-align: justify;">
é.</div>
</span></span></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-59601893713806357482013-04-10T06:00:00.002-03:002013-04-10T06:13:41.745-03:00Blecaute<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;">Ana passa os vestidos de sua
filha Maria Luiza enquanto o céu Lua minguante e nuvem caindo água. A menina em
noite brinca de lençol pendurando casa nova e pequena. O vapor do ferro sobe e
a TV som de novela. Ana assiste, ora ao escândalo forjado, ora os pés de Jorge
— que finge calma na agonia de esperar jogo — sobre a mesa de centro.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Lá fora o sujeito esconde o rosto
e mostra o ferro que ameaça a vida de Gustavo, que acha que ama Patrícia e
deixara sua foto em papel de parede do celular que entrega. Pessoas passam e
fingem não ver — minguam. Uma rabiola de pipa, que um menino teve o cuidado de
amarrar ponto a ponto do papel de seda que cortara parte a parte, balança ao
vento do frio no fio. Já há uns minutos chove e Joana se lamenta de haver
esquecido o guarda-chuva enquanto volta da faculdade e sente a franja ensopada
grudar na testa — os pensamentos pingam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A cidade dá esse respiro ultimo e
as luzes se apagam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Todas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ana procura velas e grita por Malu,
o vestido sobre a tábua queima e não percebe. A menina acha graça e abre a janela para ver.Jorge finge calma na irritação da espera vã do
jogo dessa quarta, retira os pés da mesa e respira fundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Os que fingiam não ver agora
realmente não veem. O sujeito pega o celular e corre no escuro — no dentro de si e
no de fora, ofegante. Deixa a arma cair no chão e respira fundo tateando o asfalto. Gustavo pensa
no que Patrícia pensaria se o soubesse morto, e que na impossibilidade de dar
amor, amaria deveras. Os pensamentos de Joana pingam cegos pelos fios grudados na testa, e ela percebe que a
cidade só escuta chuva — sorri, apesar do medo. A rabiola de pipa balança ao vento
frio no fio e ninguém vê, nem verá nunca, para sempre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Horas passam em breu. Desistidos
de esperar, deitam-se e dormem nesse escuro. A chuva insiste no silêncio e
todos sentem junto o que nunca será dito por ninguém. </span><o:p></o:p></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-76957333240968951032013-03-21T03:50:00.001-03:002013-04-09T22:15:35.026-03:00Outra noite<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Vemos uma mulher em seu quarto, a
luz da luminária acesa insinua as coisas mais do que mostra deveras. A mulher
tem a sua frente uma página em branco posta sobre a máquina de bater palavras.
Tem um gosto moderno pelo antigo. Ela sabe que em seu filme haverá duas
pessoas, um rapaz barbado e a menina de franja torta e sorriso entre
parênteses. Ela não os inventou, estes personagens tão dela, nalgum canto eles
vivem, adivinha. O mundo é que será feito peça a peça a se encaixar no que eles
são. É que para eles serem o mundo teve que ser antes, daí todo o cuidado. Eles
são criaturas que absorvem tudo com sede e fome. Há que se dar comida e
água. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ele deve se encaixar nela. A
mulher no quarto bate isso na máquina — Ele se encaixa certinho nela. Isso não
vai dito no filme, tem que se saber na respiração dos atores. Poderia até mesmo
ser cinema mudo, de tanto que eles têm dito com os olhos. É que a mulher no
quarto conheceu um dia o amor, sabe que ele não é de falar muito. Ela, a
personagem do filme, gosta de Belle and Sebastian, portanto, Belle and
Sebastian só existe para que ela goste e mostre para ele. Então a mulher bate
na máquina — Eles ouvem músicas juntos. Ela tira o sapatos e ele então percebe
o convite. Dançam. Ela ri do jeito dele, a câmera destaca o rosto dela, de ser
a visão dele, e o resto todo é desfoque. Paixão tem esse desfoque nas coisas
outras. Os olhos vêem no chão sapatos e a vontade enxerga mesmo os pés. Na
parede dele, os quadros em destaque pintam o sorriso dela. Isso dá cena: eles
no museu e invés de Klimt, enxerga-se a boca dele no pescoço dela. </span><o:p></o:p></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-57349079862035252322013-03-17T13:11:00.002-03:002013-03-17T13:36:36.929-03:00Poema Miúdo<span style="background-color: #fdfcfc; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 16px;">Asfalto me diz mudo, que não estou no alto.</span><br />
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim me desnudo, sem sentir o chão.<br />Atrevo-me pra cima.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Salto.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Voo, com os olhos fechados.<br />Do eu, que não me era, parto.<br />Reparto o que não foi me dado.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Sei das noites mal dormidas,<br />Dos silêncios de partida.<br />Decorei o nascer e o partir do sol.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Anoiteço-me em janelas.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Embebo o céu com nuvens de algodão.<br />O asfalto é concreta verdade pavimentada.<br />O céu, minha certeza anuviada.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Prefiro lá.</span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: #fdfcfc; line-height: 16px;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">(<a href="http://ebbios.blogspot.com.br/" style="color: #707070; text-decoration: none;" target="_blank">Ebbios</a> e <a href="http://t-h-e-n-d.tumblr.com/">Vick</a>)</span></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-59512351201320469872013-03-10T22:26:00.000-03:002013-03-10T22:26:15.091-03:00Por Aquela Porta<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ela veste margaridas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Enfeita-se de charme e brinco de
penas. Seu sorriso é um perfume — sinto o cheiro dele na minha lembrança.
Quando o relógio anuncia a noite vinda, eu sento numa cadeira e a espero entrar
pela porta. Se chove, ela entra fechando o guarda-chuva molhado e antes de
ajeita-lo corre para meu abraço. Pendura o chapéu e repousa seu cansaço de tanto
dia em minha paixão travesseiro. É tão menina essa mulher. Peço que me cuide —
me atrapalho fácil de viver. Ela se envergonha dessa minha ousadia e sorri
perfume, a coisinha flor. Outro dia eu tentava lhe pintar um retrato. Na escola
aprende-se cor quente e cor fria, deviam ensinar também que existem cores doces
e salgadas — a dela é doce. O pincel insinua os cachos negros, a curvatura que
sai do ombro para findar o pescoço, e que me finda. Não cabe na tela, ela; nem
meia paixão minha. O que sinto inteiro só dá para entregar inteiro aos olhos
vivos dela. Ela me atravessa — eu travesseiro. Ela entrará por aquela porta,
perguntarei como foi seu dia, alguns dizeres, e vestiremos então nosso silêncio.
Faremos amor com amor, chapéu e brincos de penas assistirão calados nossa
dança. Finjo que é verdade isso tudo, digo a ela e ela ri. Peço novamente que
me cuide. Sei que cuidarei bem dela e de sua meninice. Quando na rua, vejo
vestido em vitrine caber solto nela. É amor isso, essa presença inda que
ausente. Aprendi a me chover por ela — que é flor. Bem-me-quer, mal-me-quer,
bem-me-quer... Repousa frágil a cabeça em meu colo enquanto ouvimos música. O
pincel tenta seu sorriso. Infinito em mim. Nunca lhe disse, mas quando a vejo
de cachecol, penso que eles foram feitos para ela. Ela se gabaria dessas
verdades, então só vou soltando aos pedacinhos. Digo primeiro com as mãos,
depois com os olhos, depois com o sorriso, só então a boca fala — se fala. Fico
olhando para os sapatos que ela deixa sempre nalgum canto da casa. Descalça,
alça voo. Os sapatinhos vazios dela, o chapéu vazio dela, os casacos, eu.
Quanta falta e fome. Sinto de longe, ela entrará por aquela porta e então será
tudo verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ela veste margaridas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu a visto. </span><o:p></o:p></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-9485009305417420892013-03-07T04:05:00.002-03:002013-03-07T11:47:13.611-03:00Janela Aberta<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Era uma vez</span><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">um pescoço<br />e uma boca.<br />O pescoço era dela, por isso quase arrepio.<br />A boca dele, quase mordida.</span><br />
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Ela queria dormir,</span><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />ele, acorda-la.<br />mas acorda-la de sonho.<br />Haviam as mãos dele.<br />Passeavam no corpo dela — paisagem.<br />Como bicicleta no parque.<br />Ela em silêncio, dizia:<br />— Sou flor, toma o meu cheiro!<br />Ambos se noitavam.<br />Eram juntos no quarto.<br />O piso só tinha pés da cama.<br />pantufas dela,<br />e o lençol branco caído.<br />A boca dela, gemido.</span>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-13956668117007990752013-03-06T22:54:00.002-03:002013-03-06T22:58:33.352-03:00Trecho inicial d'um livro que nunca será escrito — É Óbvio Que Foi Assim! <i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></i>
<i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></i>
<i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></i>
<i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></i>
<i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">A menina esfregou a noite que tinha nos olhos e se deitou. O pai estendeu a coberta por cima dela e lá fora era quase silêncio. </i><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">— Amor, podem dizer qualquer coisa, mas estou convicto de que Deus é mulher. O mundo nasceu de nove meses. Pergunte à sua mãe.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Antes do mundo havia essa mulher, que é Deus, e que estava grávida. Ela tinha uma máquina de costura. De linha e pano azul, fez um macacão de vestir seu filho. Os pés dela no pedal da máquina, ansiosos, iam para cima e viam repetindo-se em gesto bonito. É muito amor essa espera. Ela olhava a barriga crescendo o mundo e lhe imaginava engatinhando no firmamento. Pendurou sol e estrelas no quarto dele. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">O mundo nasceu nu como você, filha — como a gente. Era uma brancura de isopor, vazio das coisas, nem música tinha. Cobriram-lhe de vento, verde e abismos — cheio de chão que era cachoeira não tinha passeio. O choro dele calado, as estrelinhas penduradas no teto e a Mãe sussurrando seu sono. Gira mundo, meu filho, dizia ela. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">O mundo foi a primeira criança. Antes mesmo de saber andar direito, dançava. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">A Mãe do mundo lhe contava também histórias antes de dormir. Foi aí que ela inventou a gente, e hoje a história que o mundo mais gosta de ouvir é você, minha filha. Só que para inventar a gente, ela teve que inventar antes os elefantes lá da África, inventou também que eles nunca se esqueciam, isso faltou um pouco em nós de tanto que sobrou neles, daí teu pai ser de esquecer onde colocou as chaves e os chinelos. Vieram antes também os gorjeios agudinhos dos passarinhos amarelos. Primeiro que a palavra veio o canto. É dessa verdade o sorriso afinado de sua mãe. É, Maria Luiza, sua mãe mesmo, nossa vida! e não a Mãe do mundo que é Deus. Aquela musica que ela tem no sorriso é um refinamento do gorjeio. Presta atenção, amor, vê como faz sentido tudo: O que veio antes da gente foi inventado para que existíssemos assim. O avião, por exemplo, só existe porque antes deles existiam as aves. É como unha que cresce ou para gente roer ou para tocar violão, e as portas trancadas estão aí para caber chave. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">O mundo se entediava de ouvir as mesmas coisas, então Deus-Mãe inventava sempre em medidas diferentes, de trotes de cavalos à saia rodada de bailarina. Criança que era, ficava curioso de tudo, os olhos novinhos de verem coisas, indagavam das aparentes obviedades, tudo lhe fascinava. Havia o mar, e o mar cantava — enquanto o vento soprano, contralto. As águas insinuando cachos na beira, batendo em pedra até virar areia.</span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim cresceu o mundo e restou de lhe caber gente. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Os pés andando ligeiros tropeçam em coincidências. O que vou dizer soa bobo, e é lindo por isso: para que se faça música é que se inventa instrumento. Que obviedade! Repito assim para que seja claro. Mas há que se mergulhar lá no fundo da verdade. O primeiro instrumento não foi inventado, a música veio antes dele. Olha para a natureza — é tanta coisa que chega não dar pé. As coisas nascem de sussurro e a vida cresce mansinho. Bendito seja nosso polegar! Fruto da calma de mais de muitos séculos. Que uso para ajeitar carinhosamente tuas sobrancelhas, para segurar o lápis enquanto risco. Até chegar nessa perfeiçãozinha, a natureza errou convicta. Se faz necessário errar, é assim que a calma aperfeiçoa. Somos um erro constante rumo àquilo que há de ser. Uns dirão que é um erro amar. Mas agora que sabe disso, que seja! </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-12371803033294329242013-02-25T01:08:00.001-03:002013-02-25T01:08:45.499-03:00Deixa.<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Deixa-me que te veja, </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">sei que gostas de ser vista,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">sente-se nuvem e passa.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Deixa-me que de ti me vista</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Sei que te gostas nua. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Vestida de si</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">sendo-se sua, </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Minha. </span></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-2484041928008763492013-01-17T23:29:00.005-02:002013-01-17T23:29:38.997-02:00O nascimento de Maria<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Há esta brancura, frágil brancura óssea de parede fina.
Película hermética de separação do mundo — O ovo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vejo a verdade alva trincando nascimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje é dia de vida saindo da casca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vejo a menina sair das paredes do ovo e chorar o ar de fora.
Vida tão frágil que chega a ter nisso sua força. Como me comove essa
criaturinha de olhos sutilmente estrábicos — sou capaz de ler tais olhos como
quem lê um livro de Fernando Pessoa. Esta que agora vejo, já renascida tantas
vezes em vida, é resultado de tantos anos passados: os cabelos tantas vezes
cortados, a suavidade no movimento das mãos, sem nunca ter sido bailarina pra
isso. Fora criança no entanto, qual as bailarinas. Aposto que essa suavidade
macia de movimento vem das pinturas cuidadosas em lápis de cor. Como se Deus
houvesse colocado um feijãozinho no algodão a pedido da professora — ela
nasceu. Nesse mesmo janeiro, como que previa o carnaval. Ela é de ombros retos,
como tem que ser reta a estante de sustentar livros. É assim que nela tudo é:
da única forma que deve ser. Todo ano é o mesmo nascimento. Sai a mulher pronta
de dentro da casca do ovo alvo. O que quer que sinta, é precioso. Suas
felicidades cintilam nas esquinas, suas tristezas ecoam feito salto no asfalto.
É que vive longo, nascera de existência musicada e chora disso às vezes, mas
também ri — como a gente ri e chora o silêncio de Chaplin. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje é dia em que as coisas a cintilam — vejo a parede
branca de ovo trincar do bico dela perquirindo o mundo. </span><o:p></o:p></div>
<br />
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-80546856737910042442013-01-14T22:00:00.002-02:002013-01-14T22:00:22.393-02:00Poema de uma palavra sóSublimenina.ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-76580088926063407752012-12-20T14:08:00.001-02:002013-03-21T16:29:40.922-03:00<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Todos os dias ele deixa o chinelo virado ao contrário.</span><br />
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Fico com raiva disso.</span><br />
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Do chinelo virado. </span><br />
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Me tira a calma toda essa desatenção com as coisas.</span><br />
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;"><br /></span>
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Todos os dias, </span><br />
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">com a raiva que ele me dá de deixar os chinelos virados por estar ali,</span><br />
<span style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">Sou feliz.</span>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-91421963014706314272012-12-19T01:25:00.000-02:002012-12-19T01:25:43.700-02:00Da Gaveta<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Chuva a noite tem o charme de só aparecer direito onde o poste quer. O
olhar nosso completa o não visto. A gente adivinha o mundo que não conhece.
Digo "sentir" mundo (ou o que a senhora quiser), que é um olho de
enxergar a partir de dentro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 7.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A verdade
da gaveta está dentro dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 7.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É quando
você percebe que a gaveta é meia, é camisa passada, saia com estampa florida,
bilhete escondido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 7.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O amor
está dentro do amor — adivinho. Há tanto diminuto nisso que a gente nomeia, e é
cheio das coisas sem nome no entanto. A boca quer dizer e não diz — adivinhe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 7.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tenho de pequena, lembranças assim fora de mim. Acho graça disso. Eu me
vendo em terceira pessoa, com a certeza do acontecido. Deve ser amor pela
criança que fui e na lembrança fico querendo olhar para ela. Se cito isso agora
é porque me revisito sempre que escrevo. Abro a gaveta e retiro uns guardados.
De hábito me aproximo para sentir o cheiro da roupa — cheiro de gaveta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 7.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Veja em
minhas mãos esse vestido vermelho, ainda está perfumado!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 7.5pt 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Minha
primeira paixão, dessas de escola, foi inventada. Eu era moça de jeito calado,
os dedinhos pintando silêncio nas folhas de caderno. O rosto do escolhido é
nuvem em mim — não me lembro. Com memória é assim mesmo. É que não escolhi pelo
rosto. Eu via nos desenhos da manhã: o moço de pullover cantando pela moça da
saia lilás. Achava bonito. Era um sorriso em mim aquilo. Eu queria, e de não
ter inventei que tinha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Agora, a paixão é que me inventa.<o:p></o:p></span></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-83901287466555541282012-11-18T01:04:00.002-02:002012-11-18T01:04:30.743-02:00Para guardar na prateleira<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Vejo a imagem da moça, coisa passarinho,
do outro lado do meu encontro. Eu de tantas noites, poucas, no entanto —
sabe-se lá do tempo nosso. Nem parece que é um ciclo. A gente conta idades por
precisar de recomeço pra seguir, mas o que me parece mesmo é que a idade minha
é só existir, me sou criança, me sou adulto, me sou velho, me sou das noites
tantas. Até um dia morrer, acho que d’ela. — Agora a vejo ali do outro lado,
vindo a mim. Passou um tempo escolhendo a roupa, colocou o cabelo por trás da
orelha quando me viu, segurando a bolsa de guardar suas miudezas. Ela tem um
acordeom no abraço — me toca. Fico com essa necessidade esmaltada. Nem sei o
que quero dizer com isso. É que tem palavra que soa macia. A gente deita no
colo da palavra essa, que é como o colo dela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Comecei a escrever como se houvesse
pegado no violão sem música na cabeça. Quem toca sabe. Às vezes é assim: não se
pensa em tocar o instrumento, nem a composição tal, pensa-se em tocar o que
sente. Esse é teu instrumento. O que sinto é ela. Ela que soa em mim no
improviso. Dá essa vontade de aveludar as palavras. De colocar luz do Sol das dezesseis
na janela — aquele de ver poeirinha caindo leve. Ai solidão, essa lembrança
acompanhada. Essa dela vindo a mim, e as coisas ao redor desfeitas. Ela tem
esse controle de alterar a realidade toda. Havia pessoas lá. Muitos rostos e
passos, lugar publico que era. Havia também parede cinza, preferia dizer “gris”
que soa bonito, mas que importa esta banalidade? O mais inusitado era o piano,
e um rapaz de ares boêmios tocando qualquer coisa de Jobim. Puxei essas imagens na memória do antes, pois
no durante, que era o abraço dela, sei lá de mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">Ando caçando ar limpo. Quando
encontro, coloco-o em um pote de vidro. As pessoas me perguntam “o que é isso?”.
Ar limpo saibam todos. Uma prateleira cheia. É o que quero agora. Me pego
sempre em suspiro co’a lembrança solitária de ter estado nós. </span><o:p></o:p></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-7442045520983422692012-10-18T20:13:00.002-03:002012-10-18T20:16:27.163-03:00Almado<b id="internal-source-marker_0.20516639784909785" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Amei cedo. A coisa na aurora de quando se conhece -- tratando o conhecer por dia, que vai até a noitinha estrelada e a gente dorme. É que já conhecia-mo-nos antes. Saber que existe foi só uma confirmação do óbvio. Eu sabia que nalgum canto do mundo, vasto mundo, havia uma pessoa inventada. Inventada de tanto me ser sendo só ela. é que na maneira de dizer as coisas ela me alcança. Ela captura na essência do que existe aquilo que é não-sei-o-quê e faz ditado da coisa. Como professora de primário -- parágrafo, dois dedinhos. Nisso, acabo ficando curioso das coisas que ela viu. Coisas mesmas, só que diferentes. Posso morrer disso. </span><br /><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></b><br />
<b style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Podemos. </span><br /><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></b><br />
<b style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sensibilidade é doença sem cura, porque quem acha cura é a ciência que é dura. Pobre da ciência, não tem ciência de nada -- é só um jeito de ver, que é bonito e salva, sim, mas fica sempre o silêncio vago. Prefiro o silêncio dela que, de ser doente, diz. Fica o nariz coçando, escorrendo a gente. É que tem poeira no mundo, nas coisas belas e nas coisas feias. Mas isso no mundo humano que é à parte do mundo mundo. Na natureza não há espirros.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sei que ainda morro disso. Dos olhos dela, que inventei antes. Das perninhas finas que andam no chão torto e dos sapatinhos que ela cuidadosamente escolheu. Sapato tem que servir no pé, assim como a música que toca tem que servir n’alma. E tem gente que serve noutra gente. É assim que a vida vai indo. Deus pegou um vinil de nós e pôs a agulha pra tocar. </span></b>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-88405836937566543462012-09-24T22:10:00.000-03:002012-09-24T22:10:11.219-03:00Aqu(ar)ela<br />
<div class="MsoNormal">
Para viver comigo, não quero alguém com a limitação de me
permitir ser o mesmo. Para que eu me seja a solidão basta. Quero ir além de mim
no outro, pois me sei incompleto, me sei frágil coisa, cheio de defeitos. Ser-me
é tão simples que não preciso de ninguém para isso, é tão simples que nem dá
para explicar como — apenas vou lá e aconteço. E não é isso que quero: Quero
ela, (aquela) que me faz mais.<o:p></o:p></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-32402448192823853562012-09-21T21:56:00.000-03:002012-09-22T00:46:56.975-03:00Mágica ManhãTivesse olhos o Sol, para lança-los atentos nas brechas de janelas entreabertas das manhãs, seria testemunha do despertar (o) doce do corpo.Verdades sussurradas nas paredes. ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-40089685828240907272012-08-25T21:33:00.005-03:002012-08-25T21:36:36.239-03:00Da ode que farei<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit; line-height: 115%;">Um
dia haverei de escrever uma ode às vezes que renasço. É assim: Ela me olha —
aquele olhar de desmantelar-me as partes — e lá estou no chão, desfeito. Então
ela se aproxima em passos lentos, pega com as mãos cada pedaço de mim e me
remonta — o resto da noite é noite. </span><o:p></o:p></div>
ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-22033349865580193042012-08-12T01:02:00.002-03:002012-08-12T01:03:10.856-03:00Constatação... Desde então, todas as minhas ações são uma impressão daquilo que você escreve em minha essência.ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-76029411628763483482012-08-10T16:09:00.000-03:002012-08-10T16:09:35.097-03:00O furacão menina passa levando as telhas e paredes de minh'alma.ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-22392188034860201972012-06-03T12:06:00.000-03:002012-06-05T03:12:41.127-03:00Cumpleaños<div class="MsoNormal">
A verdade está na roda de bicicleta — a vida gira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O sorriso dela é entre vírgulas (aquela marquinha no rosto),
antes e depois dele há sempre uma coisa. Quando a coisa sou eu, é quase como se
inventássemos o agora juntos. Ela, que nasceu há um tanto de anos, alguns meses
antes de mim, trás esse poder no sorriso. Quem vê a pedra, não imagina que dali
pode surgir escultura, e quem vê escultura não imagina que ali um dia só se via
a pedra. Ela veio assim meio uma coisa meio outra — escultura lisa e pedra a se
talhar. Eu que também não sou inteiro me encaixo certinho no espaço dela.
Preenchemo-nos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um quarto de século fez nascer infância dentro da infância.
A menina de sorriso levado já é mãe. Tão menina, tão mulher. Nunca é cedo e
nunca é tarde, é sempre agora carregado de antes e depois. Eu que não estive no
antes, quero estar no agora em diante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O Sol nasceu hoje de novo — eu vi — como a tantos anos,
quando ela cabia em barriga e saiu. O mesmo sol, num hoje de outro ano. Então
as coisas passaram a respirar o nome dela — existia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Existe. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E amo. <o:p></o:p></div>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-70733959650887491042012-05-21T05:13:00.002-03:002012-05-21T05:29:41.108-03:00Menina Menina<br />
<div class="MsoNormal">
Ela não sabe que a vejo manhãs — toda alvorada para os
olhos. Dulcíssimas manhãs. Não sabe e esconde o corpo nu, apaga a luz... Se
esconde menina menina, como é. Eu que sei das flores que não se vê numa
paisagem noite. Mesmo que seja noitinha estrelada lá no que a gente sente, que
não se apague a lamparina. Não se apague menina! Vê-se com tanto defeito, coisa
ali que não devia, coisa cá fora do eixo, que nem me vê sem sustentar o queixo.
<o:p></o:p></div>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-71751245322875532682012-03-15T01:27:00.004-03:002012-03-15T01:36:21.161-03:00Do respiro das coisas - IV<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px;">Chuá, chuá!</span></span></div>
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px; text-align: left;">O chuveiro chia </span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px; text-align: left;">Imita chuva </span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px; text-align: left;">Eletrificada chuva</span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px; text-align: left;">Me acha água, de alma cheia!</span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px; text-align: left;">Enquanto eu canto desafinado</span></span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; line-height: 14px; text-align: left;">Um canto de qualquer sereia. </span>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-56814562764467687792012-01-10T04:46:00.002-02:002012-01-10T04:46:42.113-02:00Cheio de tão poucoEscrevo pouco de tanto que vivo. Nisso de viver, sempre me sobra um pouco de existência, vou lá e a anoto. Em minhas anotações estão marcadas lembranças que não são inteiras, são sempre meias. Nunca cabe tudo de tanto que vivo. ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-2608517182768699102011-11-18T21:14:00.001-02:002011-11-18T21:14:31.263-02:00Conforto é deixar os pés ficarem nus.ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23035218.post-10212186547888320132011-11-02T05:16:00.002-02:002011-11-02T05:18:02.299-02:00Para que não se cale.<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Sei da mudez dos olhos dela. Olhos tão cheios de tantas noites, tão encharcados
de alma. Como amo esses olhos! Sempre assim: ecoando, cândidos, o silêncio.
Nada sei de seus segredos, mas os compreendo. Vejo-a sempre no pensamento. Conhecíamo-nos,
talvez, antes de nos sabermos. Daí a
vontade de tocar sua existência, de beijar suas tardes, de me sentar silente ao
seu lado.<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
É difícil descrever a textura que
o algodão-doce tem na boca. Como ele se desmancha em açúcar na língua. Alguém
um dia teve a ousadia de colocar uma nuvem no palito. Falo coisas sem contexto,
pois sei que ela vai entender. Ela, com seus olhos cheios de noite, entende a
noite em mim. E eu entendo os segredos que ela não diz. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Deve ser açúcar. <o:p></o:p></div>ebbioshttp://www.blogger.com/profile/04439856863348009207noreply@blogger.com1